A solitude trouxe consigo a amiga simplicidade e mudou tudo o que entendíamos como prioridade da vida.

Ontem eu estava lendo um pouco sobre a solitude.

Solitude, palavrinha que tem aparecido um tanto mais nessa época que vivemos, não é?

Mas qual a diferença da solitude para a solidão?

Solidão se refere a dor de estar sozinho, ao meu ver, até uma coisa de dependência ou desejo, que coloca a alegria fora de nós.

Claro que falamos aqui num contexto onde podemos escolher como encarar o estar só. Não é o contexto de abandono, ou qualquer outro.

Bem, já a solitude fala sobre a alegria de se estar só, a glória de se encontrar consigo mesmo, na sua companhia. E convenhamos, seremos nossa companhia o tempo todo, pro resto da vida; que seja uma boa companhia.

Esse tempo que vivemos veio contradizer muita coisa não é?

Para antes, a “alegria” externa da vida moderna e agitada pedia acordar cedo, exercícios pelo menos 3 vezes por semana e de preferência em academia bacanuda, uma grande círculo de amigos, preferencialmente que pudesse chamar pra churrascada de final de semana. Ou vários grupos pra ter o que fazer nos 4 ou 5 finais de semana no mês. Fim de semana sem o que fazer é coisa de gente chata.

Fora o “ser bem sucedido na carreira” que te permite viajar vezes ao ano, pra longe, nas finanças ter reservas e investimentos, aquele carro novo, aquele restaurante legal e comidas diferentes pelo menos alguma vez no mês. E se não tem foto no Instagram, não comeu.

De repente, o nosso raio de atuação se vê forçado a ficar mais perto de nós.

Que loucura, quem é que pensaria, nesse fluxo acelerado no que não havia tempo nem para olhar os pássaros abafados pelo trânsito ou pelas sacadas fechadas, que bom mesmo, seria ter um tempo extra na natureza, estar com os poucos e bons amigos, viver cantos esquecidos de uma casa que mal se via, cozinhar a própria comida, tirar o atraso dos livros, meditar, estudar, descansar, caminhar…

A solitude é da poesia

Quem diria que a solitude, palavra que segundo o dicionário tem uso poético, seria de tão grande sabedoria e poder. Bom, ela tem uso poético, e se tem algo que poesias sabem bem é olhar para o amor, a beleza da vida, com sinfonia, ritmo e magia.

Quem diria que a solitude chamaria a amiga simplicidade, e, em cheque estaria o consumo, o exagero, a ocupação exacerbada do tempo, a falta do tempo, o superficial.

A solitude é um convite ao silenciar. Não de emudecer, mas de meditar. De apreciar.

Apreciar o que está dentro, desenvolver o que está dentro, acolher o que está dentro. Exibir menos, parecer menos, ser mais, viver mais.

Viver mais a gente mesmo, afinal, estamos na solitude conosco mesmo até, como diria Rubem Alves, ficarmos encantados.

Ah, e que sorte quando temos a chance de compartilhar com outras solitudes, a nossa também.

Esse foi meu jeito de compartilhar a minha, com você.

Que a solidão possa aprender com a solitude, que estar com a gente mesmo, seja menos árido, seja mais aconchegante, divertido e alegre.


Troquei uma idéia também sobre o assunto no Two Minute Tuesday dessa semana, que você confere aqui…

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