Depois de uns bons anos, eu peguei a mochila, assoprei a poeira, espirrei algumas vezes, encontrei uma embalagem de gel de carboidratos dura feito pedra e vencida há 7 anos e fui jogar tênis.

Eu me apaixonei pelo tênis ainda adolescente, graças ao Guga Kuerten e aos jogos de Roland Garros transmitidos pela TV Manchete – a entrega da idade está aí. Afinal, não é todo jovem magrelo com sorriso largo que tem outro jovem magrelo com sorriso largo pra se identificar no esporte…

Eu me virava bem no futsal, mas nunca fui dos mais habilidosos. Eu já tinha feito atletismo, judô, karatê… naquele tempo, as aulas comunitárias da prefeitura eram excelentes. Bons tempos onde a molecada tinha, literalmente, pra onde correr.

Tudo me fazia bem, mas nem tudo eu fazia bem. E tudo bem também.

Mas daí eu conheci o tal do tênis, que eu comecei jogando contra a parede de casa com uma raquete de madeira, daquelas de frescobol mesmo. Nas aulas de atletismo eu encontrava bolinhas perdidas próximo à quadra de tênis e de lá, iam para a parede de casa levar raquetada de madeira.

Depois de muito teimar, num aniversário, meus pais me deram uma raquete de tênis, real, com cordinha e tudo. Eu lembro desse dia até hoje. Consigo lembrar do cheiro que a raquete e sua capa de borracha tinham. Dali em diante, eu passava duas, três, quatro horas seguidas no paredão do centro esportivo da cidade tentando aprender os movimentos que eu via como passo-a-passo em figuras em sites sobre o tênis (e nada de vídeos, YouTube não era nem idéia na cabeça de seus criadores ainda, que provavelmente estavam no ensino fundamental).

Encontrei amigos que jogavam, fiz muitos amigos nas quadras públicas que joguei. Todo fim de semana era sagrado, faça sol ou faça mais sol ainda.

Tudo isso para falar que, depois de muitos anos parado, eu relembrei quão divertido é estar em quadra dividindo aprendizados com gente boa.

O tênis não tem limites. Dos 8 aos 80 você se diverte. Ele pode ser cheio de disputa, ou ser cheio de risada, ou ser cheio de aprendizado para si mesmo, e ser, num jogo só, essa mistura toda aí.

Voltar a jogar tênis não é bem igual a andar de bicicleta que você nunca esquece. Na verdade, até é. Devagar você vai começando e os braços e pernas vão relembrando. Mas timing é um negócio que faz falta no tênis. É como na vida, tudo tem seu ritmo e a hora certa, quanto mais a gente vive e pratica, melhor ficamos em perceber esse ritmo e esses momentos. Se nos fechamos, perdemos o jeito.

Ah, o esporte… Quando eu aprender algo novo na volta das raquetadas – e isso é certo, como na vida, a gente sempre aprende – eu corro aqui e te conto.