Hoje é o dia mundial da poesia.
Quando mais novo eu me encantava bastante com sonetos. Claro, muitos deles eu entendia apenas uma parte aqui e outra lá, mas eu achava lindo como poetas encontravam beleza em coisas comuns do dia-a-dia, incluindo a dor, os dias chuvosos ou as frustrações.
Era quase que uma sequência curta, desenhadas em pilhas de poucas frases que formavam uma chave para a liberdade, e sentimentos dos autores voavam livres.
No dia mundial da poesia de 2024, vivemos noutro contexto.
Vejo menos poetas e poetisas.
Vejo menos encontros do acaso.
Vejo mais aplicativos de namorar.
Vejo menos arriscar, menos arrepiar.
Vejo menos borboletas no estômago, menos titubear.
Tudo parece meio certo.
Muita pesquisa, muitas redes pra se fuçar
e poucas surpresas pra encontrar.
Vejo também muitas matérias falando sobre a dificuldade dos jovens adultos de hoje em lidarem com frustrações, quase que como se elas fossem evitáveis — que sabemos bem, não são.
Será que estamos sentindo mais medo de sentir?
Sentir, afinal, é viver. Amar é viver. Se frustrar, é viver.
E se menos sentimos, menos vivemos,
sobre o que vamos escrever?
Será que a poesia está fadada a morrer?
Difícil resistir às rimas quando se fala de poesia.
Mas eu também não acho que a poesia da vida acabará. A vida é poética natural, e sempre achará caminho pelos corações, pontas dos dedos e emoções.
Toda geração tem seus amantes, amantes de pessoas, amantes do amor, amantes do amar a vida.
E assim, mais bonita com flores e com poesias, a vida floresce, até que um novo dia da poesia acontece.
