Um sofá confortável. Rever uma série querida. O prato de sempre no restaurante de sempre. Pegar o mesmo caminho pra casa. Claro que tem toda uma graça no conforto. É bom demais!
Só não tem o que a gente não vê. E o que a gente não vê é nada de novo.
Eu fiquei um largo tempo sem acompanhar o tênis, esse esporte que tem meu coração, mas nesse último domingo, dia 10, eu pude ver de novo o que vi bastante, na verdade, vi precisamente 24 vezes, nos últimos 10 anos ou mais: Novak Djokovic vencer um torneio de Grand Slam de tênis.
Novak, o mais novo do tal do Big 3 (junto com Rafa Nadal e o glorioso Roger Federer), é recordista de troféus e vitórias. É, a quem ouve isso soa como tudo sendo flores na vida, mas é o mais distante disso do que possa parecer.
Inclusive, o texto de hoje é muito menos sobre vitórias e troféus e muito mais sobre encontrar prazer no desconforto. Soa desconfortável até lendo, né?
Mas é isso, o Nole, apelido carinhoso de Novak, é essa pessoa: ele consegue achar o seu lugar, no meio do forfé de uma alta temperatura, alta umidade, dores no corpo, no último jogo de um longo torneio e com um cara complicado do outro lado da quadra que te faz correr com bolas velozes e brutas.
Não é preciso ser o grande Fino, Fernando Meligeni, ou mesmo os ótimos narradores que já acompanham o tênis e o Nole a tempos para notar. Alguém assistindo pela primeira vez, notaria.
Não é que ele encontra conforto no desconforto. Não. Quanto mais desconfortável, mais ele gosta. Ele encontra contentamento, ele acha o espaço de ser ele mesmo ali, no corre, na poeira, no suor, no desconforto.
E num esporte – que eu gosto tanto porque muito se equipara à vida – em que detalhes, decisões, constância e mentalidade importam tanto, quem mais encontrar alegria e espaço para ser quem se é no desconforto, notavelmente mais longe chega (seja qual for o destino em pauta).
Nole chegou 24 vezes – só falando dos maiores torneios, os Grand Slams. E só tem 4 desses por ano. Fale-me sobre desconforto, Nole!
A cerejinha do bolo de Novak? A camiseta em homenagem ao maior atleta ligado ao número 24 e que também adorava um desconforto: o seu amigo Kobe.
Como dizem os atletas, “real recognize real”.
…, “Real recognize real”
ALWAYS!