Teve um tempo que o Blumerangue foi muito mais agitado e povoado de textos do que é hoje em dia.

Foi meio assim que descobri o quanto eu me encontrava realmente ao escrever. Eu tinha alguns indícios antes do blog, desde mais molecão. Até hoje segue assim: meu primeiro instinto quando alguma coisa pipoca na minha cabeça é escrever.

Não é sobre anotar ideias ou ensinamentos, até porque minha habilidade para fazer duas coisas ao mesmo tempo é limitadíssima… ou vou te ouvir, ou vou anotar.

Talvez seja só minha forma de organizar as mil ideias passando pela minha cabeça, mas o fato é que eu estou sempre escrevendo.

De uns tempos pra cá, a escrita começou a diminuir à medida em que a correria da vida aumentou. Percebi que era meio que proporcional. A correria leva a gente inconscientemente por uma correnteza de coisas que passam rápido, preocupam além do saudável e… passam. Aí vem outra coisa…

Mas foi aí também que percebi a correria sendo muito mais escolha minha do que “uma coisa da vida”. Sinto que a gente coloca essas desculpas genéricas — “faz parte da vida, acontece, tá tudo corrido mesmo né?” — só pra não lidar com o fato de que nós que escolhemos.

No tempo do Blumerangue movimentado, a rede social que existia era o Twitter e olhe lá. Deus o tenha. Não tinha tantas ofertas de distrações ou “micro-conteúdos”. O YouTube via seus primeiros vídeos do Casey Neistat e pouca gente tinha banda suficiente para vídeos.

Nesse tempo conseguia me aprofundar mais nos assuntos que eu lia e blogs sempre foram uma paixão, de ler e de se escrever. Poucos devem se lembrar, mas jornais tradicionais chegaram a fazer propaganda contra os blogs e em menos de um ano depois todos tinham seus próprios blogs (cheios de anúncios).

Eu deixei de seguir meus instintos. O instinto de escrever para organizar as idéias na cabeça e os sentimentos no coração. E olhe, fez falta. Fez tanta falta que meu bloco de notas e os rascunhos aqui do blog estão cada vez mais cheios.

Mas como diz a amiga do Rodrigo Fagundes, foco no que nos farta e não no que nos falta: como é bom direcionar a energia para cada um dos textos. A mente agradece o organizar das idéias, e o coração agradece o compartilhar com vocês.

O Blumerangue também sentiu falta de dar mais as caras por aqui. E por vezes eu caí nesse papinho meu mesmo de “não vou postar nada de ‘texto grande’, não engaja mais… agora o povo quer é frase e vídeozinho de 17 segundos”.

E desde quando que eu criei texto para “engajar audiência”, gente?

Eu escrevo pra essa nossa conversa, como se a gente estivesse no nosso café favorito falando sobre a vida.

Ahhh, os instintos… eles sabem o que falam. O meu tem até nome… às vezes o chamo de Blumerangue.