Não sei se acontece com você, mas comigo vira e mexe. Algumas idéias aparecem fora do tempo.

Tem vezes que uma idéia para um texto aparece no meio de uma coisa impossível de se anotar a idéia – e claro que você sabe, se não anotar, esquece. Literalmente.

Ela vai embora? Não. Ela só fica escondida, meio que de birra por que foi esquecida, sabe, escondidinha atrás de um móvel ou no fundo do guarda-roupa da cabeça.

Mas o tipo de idéia fora do tempo que mais me intriga é a ideia que até chega num momento fácil de adotar, mas difícil de executar.

Eu amo tirinhas. Garfield, Calvin e Haroldo, Peanuts… Tudo. Nas minhas aventuras da ilustração sempre tentei desenhar meus personagens favoritos (para treinar desenho mesmo), mas sempre fica uma coceiraziha de querer criar minha própria personagem.

Penso que minhas ideias em forma de crônica vão viver no digital e um dia, por que não, vão para as páginas impressas. Mas eu amo a ideia de poder escrever para as crianças e, em respeito ao Caio criança que não era muito de ler, mas que amava tirinhas, fico com essa ideia recorrente de criar tirinhas, personagens que possam divertir e viver além de um legado.

Mas eu ainda sinto que essa ideia está fora do tempo dela. A idéia está aqui, mas parece que é preciso deixar ela ganhar um pouco mais de espaço, conhecimento, maturidade, que ainda vai surgir, não de uma forma mágica, mas de uma forma que faz sentido.

Ter ideias é uma delícia tão boa, que a ideia mesmo não executada te permite ficar na companhia dela, enquanto ela te faz companhia, você aprende com ela. O importante é não deixar de idear.